quinta-feira, 27 de março de 2008

ZERO HORA (27/03/2008) página 5

A FACE DA VIOLÊNCIA NA ESCOLA.....

“PROFESSOR DEVE TER AUTORIDADE E GANHAR A CONFIANÇA DO ALUNO”

Conflitos entre professores e alunos são matéria -prima básica da psicóloga e psicanalista porto-alegrense Mari Gleide Maccari Soares,47anos.Ela percorre diariamente o estado ministrando cursos nas escolas sobre como diretores, supervisores e professores devem lidar com a violência juvenil. São oito horas de ensinamento sobre a arte do diálogo,como última esperança de evitar que estudantes virem criminosos.
Nesta entrevista, ela comenta a rotina da violência vivida nas escolas de todo o país e diz que o fenômeno é universal.

ZH-A violência virou rotina nas escolas?
MG-Até meados da década de 90, a grande preocupação nas escolas era a droga. Agora é a violência, muitas vezes envolvendo drogas. Recebo seguidos relatos de professores que tiveram braço quebrado por aluno. Semana passada um foi atingido pela tampa de uma privada. Não é rotina, mas é comum.

ZH-Como enfrentar isso?
MG-O primeiro passo do professor deve ser compreender a violência praticada pelo aluno e a discriminação sofrida por ele. Aluno que transtorna e provoca em aula tem sempre histórico de violência sofrida. Ou foi vitima de de colegas-o bullying (em português,humilhação de colegas como forma de diversão)-ou até dos pais ou parentes. Ele sofre isso de forma passiva e, quando cresce reproduz de forma ativa. Contra quem?Os colegas ou professor, que no caso na escola encarna a figura paterna.

ZH-Por que contra o professor?
MG-Antigamente....usar uniformes , alunos eram robôs. Sofriam calados .Hoje, eles se manifestam ruidosamente, nem que seja pela agressão. Eles manifestam o sofrimento via violência. Os tempos mudaram. Não significa que estão melhores, apenas mudaram.

ZH-Não faltam limites aos alunos?
MG-É claro que faltam limites. O professor deve se fazer respeitar pela autoridade, mas ela deve vir acompanhada de compreensão. Ele deve chamar o aluno problema, conversar, se aproximar e valorizar o que ele tem de bom. Chamar também seus pais, identificar causas. Mostrar a esses pais que a escola muitas vezes é o único lugar que pode salvar crianças que tiveram problemas graves np lar.

ZH-Expulsar o aluno adianta?
MG-O desamparo via expulsão,é uma forma de violência. E a violência é uma morte sem sentido. Quando praticada pelo aluno é a dramatização de suas carências. Aluno agressivo quer chamar atenção, busca reconhecimento. É por isso que o professor, a figura adulta, deve ter autoridade, mas antes de tudo ganhar a confiança do aluno. Suspensão e expulsão não adiantam.

ZH-Mas compreensão e diálogo adiantam quando o aluno age sob efeito de drogas ou pertence a uma gangue?
MG-Que ninguém se engane:a busca por drogas já indica problemas anteriores, um vazio inconsciente por pate da criança. Infelizmente, a ajuda do professor às vezes não é suficiente ou chega tarde. No caso das drogas e gangues, em alguns casos a escolas tem de contar com proteção policial. É um fato. Eu mesma já entrei e saí de escola com escolta armada.

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